Será que precisamos de Terapia de Casal?

As relações entre casais estão expostas a muitos desafios, que oscilam, muitas vezes, entre o desejo forte de conexão e ao mesmo tempo de manutenção da identidade própria e de tempo para si mesmo.
Manter uma relação saudável e duradoura pode ser muito exigente e muitos têm receios e dúvidas sobre como o fazer.

O equilíbrio entre a proximidade emocional e a autonomia individual pode gerar tensões, sendo crucial compreender e negociar as necessidades de ambos os parceiros. Esta dinâmica desafiadora, muitas vezes, requer habilidades de comunicação eficazes, empatia e uma disposição mútua para adaptar-se às mudanças que ocorrem ao longo do tempo.

É natural que, ao enfrentar estas complexidades, surjam incertezas sobre como manter e fortalecer a ligação entre os membros do casal. Procurar compreender as expetativas individuais, estabelecer metas comuns e cultivar uma comunicação aberta são alguns dos passos fundamentais na construção de uma relação sólida e gratificante.

Mas então, quais os sinais de alerta que podem indicar que precisa de ajuda profissional?

Quando recorrer a Terapia de Casal?

É importante estar atento a determinados sinais que podem sugerir a necessidade de procurar terapia de casal.
Reconhecer esses indicadores pode ser crucial para a saúde e estabilidade da relação, permitindo a intervenção precoce e a abordagem construtiva de desafios que possam surgir ao longo do percurso conjugal.

Discussões frequentes e crítica constante ao outro

A atenção aos aspetos e características de que não gostamos ou aprovamos no outro está sempre presente e qualquer detalhe é motivo para desprezar o outro, atacando a sua personalidade e caráter. Se não conseguir travar essas atitudes, isso pode trazer grandes prejuízos à comunicação e manutenção da relação.

Dificuldade em assumir erros e responsabilidades

Esta dificuldade pode existir porque tem uma postura passiva ou defensiva e evita confrontos, não lidando com as situações diretamente e transferindo as responsabilidades para o outro. Ou também, porque assume uma postura mais agressiva, em que discute e se recusa a colocar-se no lugar do outro. Em qualquer uma delas, não assumir o compromisso e a necessidade de comunicar para resolver os problemas pode ser um grave problema.

Dificuldades na intimidade

Uma relação a dois exige intimidade e comunicação constante e, quando tal não acontece, manifesta-se na ligação e proximidade emocional, física e sexual do casal. Em momentos mais críticos ou ao fim de muitos anos é possível que sintam que não sabem como seguir em frente e sair da encruzilhada em que estão.

Afastamento ou dependência em relação ao outro

Quando a conexão e intimidade se estão a perder, muitas vezes, erguem-se barreiras ao estar mais próximo do outro, emocional e fisicamente. Se não houver comunicação e se negar que existe um problema, a tendência é a situação agravar-se até se tornar difícil resgatar a ligação emocional. Por outro lado, se sentir que tem tendência a anular-se na relação, a deixar de fazer o que gosta e tomar decisões só em função do outro, podem, também, ser sinais relevantes para pedir ajuda.

Acomodação e aborrecimento com a relação e dar o outro como adquirido

A relação com o outro não deve ser entendida como uma relação de posse ou que já se consumou na sua plenitude. Se assumirmos que alguém estará connosco para sempre e não se trabalhar a relação, corremos o risco de dar a relação como garantida e não haver compromisso e esforço por a manter de forma saudável. Os gestos de afeto e apreço pelo outro são cada vez menores, a rotina e conflitos instalam-se, o que pode levar ao afastamento e rutura.

Dúvidas sobre os seus sentimentos ou do outro e/ou existência de traição

Questionarmo-nos sobre o que sentimos pode ser algo positivo e é certo que, mesmo as relações saudáveis, passam por períodos difíceis. No entanto, é importante perceber qual a sua disponibilidade e vontade para que a relação resulte e o que poderá significar para a sua relação uma traição consumada ou pensada e uma possível ligação emocional a outra pessoa.

Em que consiste uma consulta de Terapia de Casal?

A Terapia de Casal é recomendada para parceiros que atravessam períodos mais desafiantes na sua relação e que desejam preservar e aprimorar o vínculo, mantendo o desejo de investir na sua ligação.
Esta abordagem terapêutica visa, acima de tudo, auxiliar o casal a identificar padrões de comportamento disfuncionais que possam estar a causar sofrimento. No cerne da terapia de casal está a oportunidade para ambas as partes explorarem alternativas construtivas e delinearem objetivos que conduzam a um relacionamento mais saudável.

Durante as sessões, os casais têm a oportunidade de expressar sentimentos, melhorar a comunicação e desenvolver estratégias para superar os desafios. O/a psicólogo/a vai ajudar o casal a:

  • Ajudar o casal a partilhar e entender as perspetivas e sentimentos de ambos de forma honesta e saudável
  • Identificar qual(is) o(s) problemas e estratégias para os resolver
  • Promover competências relacionais e de comunicação
  • Exprimir necessidades e desejos de forma mais transparente, em vez de críticas e julgamentos
  • Encontrar fatores que podem estar a condicionar a relação e propor medidas ou encaminhar (ex.: doença física)
  • Encontrar uma forma mais harmoniosa de lidar com uma possível separação

Os sinais vão surgindo lentamente e nem sempre é fácil detetá-los. Quando sentir que já não conseguem comunicar e resolver os problemas da relação, o melhor é pedir ajuda e procurar terapia de casal. Não o fazer implica que a situação pode agravar-se e tornar-se irreversível.
Nestas sessões terá um profissional, com papel neutro, que se focará nas partilhas de cada um, das suas perspetivas e necessidades, e ter a ajuda especializada para conseguir comunicar de forma saudável e ultrapassar os desafios atuais.

No entanto, nem sempre têm de existir problemas instalados para procurar terapia de casal. Esta pode ser importante se quer melhorar a sua relação ou a forma como está na mesma, a comunicação e/ou adquirir estratégias mais eficazes e saudáveis de lidar com os desafios do quotidiano que todas as relações enfrentam (ex.: mudanças de casa e/ou trabalho, nascimento de um filho, tomadas de decisão, etc.). Estas já são razões suficientes.