Uma das queixas mais comuns que chegam aos consultórios dos psicólogos é a famosa “ansiedade”.
Já aconteceu ir para a cama e, de repente, do nada, um pensamento surge na sua cabeça e fica preocupado? Começa imediatamente a pensar no assunto, a imaginar dezenas de possibilidades, monta os cenários, tenta prever o que pode ou não acontecer. Então, a mente acelera e começa a dar voltas em torno da preocupação, tantos cenários, tantas possibilidades, muitas vezes, em loop. Quando se dá conta, já é de manhã, passou a noite toda à volta dos pensamentos que não o deixavam em paz.
A ansiedade, segundo o DSM V-TR, é um estado emocional perturbador e desconfortável de nervosismo e preocupação. As causas da ansiedade não são as mesmas para todas as pessoas, o que as tornam menos claras.
Por mais desconfortável que possa parecer, não podemos eliminar de vez a ansiedade, pois é um mecanismo importante do nosso cérebro, que tem a função de nos alertar em situações adversas e desconhecidas. A ansiedade é a responsável pela “descarga de adrenalina”, que nos deixa prontos para enfrentar situações inesperadas. O problema é quando sentimos essa preocupação excessivamente, de forma desproporcional ou até irreal e muito frequentemente. Neste caso, podemos estar a falar de uma Perturbação de Ansiedade.
A perturbação de ansiedade é a segunda doença mental mais comum do planeta: segundo dados da OMS, 264 milhões de pessoas sofrem desse mal e, a pandemia da COVID-19 só veio aumentar ainda mais este número, desencadeando um aumento de 25% na prevalência de ansiedade e depressão em todo o mundo, segundo o relatório de março de 2022 da OMS. Por isso, muita gente considera a Ansiedade como “o mal do século”.
Como saber se a ansiedade que sinto é patológica?
Como mencionado anteriormente, a ansiedade pode ser patológica quando é recorrente, quando se sente ansioso grande parte do dia e a sua presença implica mal-estar significativo em várias áreas da sua vida, como profissional ou social. Neste caso, pode ser considerada desadaptativa, pois a pessoa tem dificuldade em controlar a sua preocupação e em evitar que esta interfira na atenção sobre as tarefas que realiza. A ansiedade é invasiva, pronunciada e perturbadora, podendo oscilar entre diversos “novelos” de preocupação: trabalho, lides domésticas, filhos, entre outros.
Os sinais de alerta mais comuns da perturbação de ansiedade são:
- Agitação ou sensação de nervosismo ou tensão: a pessoa fica em hipervigilância, como se algo inesperado pudesse acontecer a qualquer momento
- Dificuldade em relaxar: isto acontece porque o córtex pré-frontal, responsável pela consciência, não informa a amígdala que um determinado estímulo deixou de representar ameaça e esta continua a estimular um comportamento defensivo
- Comportamento de fuga: a pessoa quer fugir e esquivar-se daquele problema/ameaça e, por vezes, evita a situação para se proteger do mal-estar
- Cansaço fácil: não tem energia, sente-se cansado/a facilmente mesmo no início do dia
- Dificuldade em concentrar-se nas tarefas: a mente está acelerada, como se não desligasse, o que não permite focar a atenção mesmo nas atividades mais simples
- Irritabilidade: não reagem bem às situações e o controlo sobre o comportamento e sobre a cognição também fica prejudicado
- Tensão muscular: é comum ter dores no corpo, geralmente costas e ombros
- Alteração do sono: como dificuldade em adormecer, permanecer a dormir ou o sono não ser recuperador
- Supervalorização da ameaça: exagera na probabilidade de que aconteça alguma coisa má, bem como nas suas possíveis consequências. Isto gera o chamado stress antecipatório
- Intolerância à incerteza: tem dificuldade em tolerar incertezas, principalmente quando envolvem algum possível risco
Se consegue identificar a persistência de pelo menos 3 sinais de alerta no espaço igual ou superior a 6 meses, na maior parte do dia, deverá procurar ajuda de um profissional de saúde mental para fazer a avaliação e prosseguir com o tratamento.
A ansiedade é parte integrante da nossa vida, pois faz parte do nosso funcionamento saudável e físico. Cabe-nos a nós aprender a lidar com ela e tirar dela os maiores benefícios, como, por exemplo, estarmos ansiosos porque no dia seguinte vamos fazer uma palestra e esse stress ativa-nos para que nos preparemos ao máximo para aquele momento. No entanto, quando a ansiedade deixa de ser normativa e passa a ser disfuncional e a ter contornos patológicos, o tratamento poderá ser uma necessidade. Os mais comuns são: a intervenção psicológica como a psicoterapia, o uso de medicamentos (prescrito por um médico especialista) e a terapia combinada (medicamentos + intervenção psicológica).
A ALENTO SAÚDE disponibiliza uma equipa de psicólogos especialistas, que através das consultas de Psicologia Clínica e da Saúde, como a psicoterapia, podem ajudar numa melhor compreensão do problema e na forma como este é encarado, promovendo ainda a aquisição e o treino de estratégias para minimizar os sintomas que a pessoa apresenta.