Será que tenho Ansiedade?

Segundo a Ordem dos Psicólogos Portugueses, 1 EM CADA 6 PORTUGUESES enfrenta desafios relacionados com a ansiedade. Atualmente, é cada vez mais comum ouvirmos “Sinto-me ansioso. É normal?”, ou simplesmente sentimos no corpo (e na mente) sinais de que algo não está bem. Coração a palpitar, suores nas mãos, dores de cabeça, pensamentos inquietos que não o deixam dormir. Sim meus caros, podemos estar diante de uma pessoa com elevados níveis de ansiedade!

O que é Ansiedade?

A ansiedade, segundo o DSM V-TR, é um estado emocional perturbador e desconfortável de nervosismo e preocupação.
Todos nós temos esta emoção, e é tão normal quanto a alegria e a tristeza. Mas, quando é que passa a ser um problema?

Como se pode manifestar a Ansiedade?

Não temos como simplesmente anular a ansiedade da nossa vida, até porque ter alguma ansiedade é natural e protetora, é um mecanismo importante do nosso cérebro, que tem a função de nos alertar em situações adversas e desconhecidas. O problema é “a dose”, ou seja, quando é recorrente e intensa. A ansiedade é a responsável pela “descarga de adrenalina”, que nos deixa prontos para enfrentar situações inesperadas, como, por exemplo, na resolução de um problema no trabalho, pois pode-nos deixar mais focados e mobiliza-nos para a ação. No entanto, quando é demasiado forte, acaba por ter o efeito oposto e ao invés de desbloquear e impulsionar, acaba por causar mal-estar e traduzir-se numa experiência negativa na vida de cada um de nós.

Existem diversos sintomas de ansiedade que podem manifestar-se de diferentes formas e intensidades, variando de pessoa para pessoa. É crucial compreendê-los, de modo a estar mais alerta e procurar ajuda, caso seja necessário.
Exploremos agora, uma variedade de sinais de ansiedade:

Sinais Físicos

Embora a ansiedade não seja algo físico, que possamos observar, como um braço partido, por exemplo, esta tem um impacto significativo no nosso corpo. Segundo a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), como sintomas de ansiedade as pessoas tendem a experienciar:

  • tensão muscular
  • dor de cabeça
  • batimento cardíaco acelerado
  • náuseas e vómitos
  • vontade frequente de ir à casa de banho
  • dificuldade em dormir
  • sensação de “borboletas no estômago

Sinais Psicológicos

Ainda segundo a OPP, o impacto psicológico da ansiedade pode observar-se nos nossos comportamentos, emoções e pensamentos. Assim, podemos assinalar, a sensação de inquietação constante e dos “nervos à flor da pele”, fadiga, dificuldades de concentração, deixando-nos mais receosos, irritáveis e incapazes de relaxar.

Há uma clara tentativa de regular a preocupação constante e a sensação permanente de alerta. As preocupações são consideradas incontroláveis e potencialmente prejudiciais, por isso, muitas vezes observamos os comportamentos de fuga ou evitamento dos elementos que provocam ansiedade.

Quais as principais causas da Ansiedade?

Tendo em conta que cada pessoa é um mundo, a ansiedade pode ter múltiplas causas e estas não são as mesmas para todos. Em alguns casos, pode ter uma causa evidente, noutros não. Nos casos em que as pessoas não conseguem identificar a fonte causadora de ansiedade, só este facto, pode ser gerador de maior ansiedade. É muito importante para a intervenção, identificar os fatores que desencadeiam uma crise de ansiedade. Por isso, listo alguns exemplos de causas:

Fatores ambientais:

mudanças significativas na vida, como o nascimento de um filho ou a mudança de país, por exemplo

Fatores cerebrais:

quando há um desequilíbrio químico no cérebro, como níveis anormais de neurotransmissores (substâncias químicas cerebrais), e que podem desempenhar um papel ativador no desenvolvimento da ansiedade. Por exemplo, a serotonina, um neurotransmissor associado ao humor, quando se verificam baixos níveis podem contribuir para a ansiedade.

Abuso de substâncias:

o uso excessivo ou abuso de substâncias como álcool, drogas ilícitas, cafeína e tabaco pode desencadear ou piorar a ansiedade.

Eventos traumáticos:

experiências traumáticas, como abusos, negligência, eventos stressantes ou perda de pessoas significativas, luto, podem desencadear a ansiedade. Esses eventos podem levar a respostas emocionais intensas e duradouras, quando não há capacidade de lidar com eles.

Genética:

há indícios de que pessoas com histórico familiar de perturbação de ansiedade têm maior probabilidade de desenvolver ansiedade. Isto sugere que há uma predisposição genética para a condição.

Stress crónico:

situações de stress prolongado, como problemas familiares ou académicos, podem desencadear ou piorar a ansiedade.

Personalidade:

características de personalidade, como tendência à preocupação excessiva, perfecionismo, timidez ou sensibilidade, podem aumentar o risco de desenvolver perturbações de ansiedade.

A verdade é que, às vezes, um problema que pode parecer simples, se a pessoa não souber como lidar, pode desencadear a ansiedade, e em alguns casos ser a ponte para um quadro de angústia, com maior gravidade. Por isso, reforço a importância de termos atenção para a individualidade de cada pessoa e as suas experiências de vida, bem como as atribuições de valor que faz a cada evento.

Quais os diferentes tipos de perturbações da ansiedade?

De acordo com o DSM-5-TR, são 10 os tipos de perturbações associados à ansiedade. Abaixo encontrará uma lista das mais comuns, que podem ser o caso de um amigo, familiar ou até mesmo o seu caso (lembro que o diagnóstico deve ser sempre feito por um profissional de saúde mental!):

Perturbação de Ansiedade Generalizada

Esta perturbação é caracterizada por ansiedade e preocupações excessivas, desproporcionais e persistentes sobre os diversos aspetos da vida (não há um foco), que muitas vezes não se podem controlar. De acordo com o DSM, as preocupações comuns incluem responsabilidades relacionadas com trabalho, família, dinheiro, saúde, segurança e pequenas tarefas.

Perturbação do Pânico

A perturbação do pânico é caracterizada pelo aparecimento recorrente de ataques de pânico, e com a preocupação permanente da possibilidade de ter novos episódios, por isso, as pessoas evitam lugares ou situações em que tiveram pânico previamente.

Os sintomas de pânico podem durar de alguns minutos a 1 hora. Mas não se engane, embora não sejam perigosos do ponto de vista médico, podem ser extremamente desconfortáveis. Contudo, existem algumas dicas e ferramentas que pode colocar em prática para que no momento consiga controlar o seu ataque de pânico.

Fobia Social

Esta perturbação é bastante conhecida pelas pessoas, é caracterizada pelo medo e a ansiedade persistente e excessiva em contexto de exposição e avaliação dos outros. A pessoa que sofre com esta perturbação tem receio da humilhação, de sentir-se envergonhada e rejeitada, o que faz com que evite a interação social, tendo impactos nas diversas áreas da vida.

Perturbação Obsessivo-Compulsiva

A perturbação obsessivo-compulsiva é caracterizada, como o nome já sugere, por obsessões, compulsões ou ambas. As obsessões são ideias, imagens ou impulsos recorrentes, persistentes, indesejados, que provocam ansiedade e são intrusivos. As mais comuns são preocupações com a contaminação, com dúvidas e com objetivos que não estão alinhados ou uniformes.

As compulsões, que também são conhecidas como os rituais, são caracterizadas por ações ou atos mentais que a pessoa se sente obrigada a praticar para tentar diminuir ou evitar a ansiedade causada pelas obsessões. As compulsões mais frequentes são: lavar as mãos para evitar doenças, verificação (para evitar a dúvida), contar e ordenar.

Perturbação Obsessivo-Compulsiva

Consiste em reações disfuncionais, intensas e desagradáveis que ocorrem após um evento extremamente traumático, que podem ser vivenciados diretamente (sofrer uma agressão, por exemplo) ou indiretamente (testemunhar a agressão de outra pessoa, por exemplo). Muitas vezes, as pessoas que são afetadas por uma situação traumática tendem a sofrer por um longo período, e os efeitos deste trauma são tão persistentes que podem ser debilitantes.

Stress pós-traumático

Consiste em reações disfuncionais, intensas e desagradáveis que ocorrem após um evento extremamente traumático, que podem ser vivenciados diretamente (sofrer uma agressão, por exemplo) ou indiretamente (testemunhar a agressão de outra pessoa, por exemplo). Muitas vezes, as pessoas que são afetadas por uma situação traumática tendem a sofrer por um longo período, e os efeitos deste trauma são tão persistentes que podem ser debilitantes.

Como saber se tenho ansiedade?

Como mencionado anteriormente, a ansiedade é uma emoção, e é normal e expectável que todos nós a tenhamos. No entanto, pode ser patológica quando é recorrente, quando se sente ansioso grande parte do dia e a sua presença implica mal-estar significativo em várias áreas da sua vida, como profissional ou social. Neste caso, pode ser considerada desadaptativa, pois a pessoa tem dificuldade em controlar a sua preocupação e em evitar que esta interfira na atenção sobre as tarefas que realiza. A ansiedade é invasiva, pronunciada e perturbadora, podendo oscilar entre diversos “novelos” de preocupação: trabalho, lides domésticas, filhos, entre outros.

Como gerir a ansiedade?

Segundo a OPP, para ajudar a controlar uma crise de ansiedade, pode:

  • partilhar o que sente com um familiar e/ou amigo
  • focar no que pode controlar
  • realizar atividades físicas
  • procurar fazer algo que gosta
  • escrever
  • pedir ajuda profissional de um psicólogo/a

A ansiedade não tem cura, pois, como vimos, faz parte do nosso funcionamento saudável e, desta forma, temos de aprender a lidar com ela. No entanto, quando a ansiedade deixa de ser normativa e passa a ser disfuncional, o tratamento poderá ser feito de várias formas, sendo as mais comuns: o uso de medicamentos (prescrito por um médico especialista), a psicoterapia e a terapia combinada (medicamentos + psicoterapia).

Psicoterapia

A ALENTO SAÚDE disponibiliza uma equipa de psicólogos especialistas, que através da psicoterapia podem ajudar numa melhor compreensão do problema e na forma como este é encarado, promovendo a aquisição e o treino de estratégias para minimizar os sintomas que a pessoa apresenta.